O LETRAMENTO DIGITAL E AS PRÁTICAS
DE LEITURA E ESCRITA
Bruna Maele Girão Nobre Pinheiro
O
trabalho do professor propicia o contato com as mais diferentes gerações, o que
faz com que ele desenvolva a necessidade de se atualizar e conhecer os novos recursos
pedagógicos disponíveis a fim de saber adaptá-los ao seu público, de acordo com
o nível de contato que este tem com as ferramentas tecnológicas que lhe são
apresentadas, bem como sua proficiência ao utilizá-las.
Essa
adaptação se faz necessária porque o processo de ensino-aprendizagem acontece
através da relação professor-aluno e também da relação aluno-aluno. Cada vez
mais, vem se fazendo necessária a interação entre os atores desse processo, uma
vez que a sala de aula já deixou de ser o espaço do medo e passou a ser o
espaço das dúvidas, o que é positivo, pois é a existência das dúvidas que
favorece a mediação do conhecimento com o objetivo de sistematizá-lo.
Assim,
é preciso refletir se ter acesso às novas tecnologias significa dominá-las e
usufruir de suas funcionalidades de forma crítica a fim de participar
efetivamente da construção do conhecimento. No âmbito educacional, são comuns
os relatos de equívocos causados pelo uso inadequado dos novos recursos
tecnológicos e, por falta de conhecimento, muitos professores continuam
recorrendo a práticas pedagógicas menos interativas e mais mecanicistas.
As
possibilidades de interação que as novas tecnologias têm propiciado são
inúmeras e os atores do processo ensino-aprendizagem nem sempre estão seguros
de seu papel, uma vez que ainda são necessários diversos esclarecimentos acerca
das reais possibilidades das ferramentas tecnológicas que estão disponíveis
para a prática pedagógica. Um aspecto fundamental a ser considerado para o uso
eficiente das TICs em sala de aula é o Letramento
digital, que, segundo Xavier (2005), “se realiza pelo uso intenso das novas
tecnologias de informação e comunicação e pela aquisição e domínio dos vários gêneros
digitais”.
Não
é possível, portanto, dissociar o letramento digital das práticas de leitura e
escrita no cotidiano de alunos e professores. Há quem diga que nunca se leu e
escreveu tanto na história. O letramento digital implica um saber que vai além
de uma alfabetização eficiente. Ele envolve mudanças importantes nos modos de
ler e de escrever, uma vez que, de forma digital, o que se apresenta diante do
indivíduo é um mundo de informações ao qual ele pode ter acesso ilimitado, já
que um texto leva a outro.
No
ensino de Língua Portuguesa, o trabalho com textos se enriquece diante dessa
diversidade. O aluno lê de forma mais frequente, embora nem sempre de forma
crítica. Cabe, então, ao seu professor, mediar esse contato com os textos,
favorecendo assim, uma prática de leitura que visa à construção do senso
crítico. São ferramentas bastante úteis para se chegar a esse objetivo os chats e os fóruns de discussão, pois ao
mesmo tempo em que facilitam a interação aluno-aluno, possibilitam a mediação
do professor, que instigará sua turma com novos questionamentos, que poderão
guiar os alunos para novos textos e em seguida para novas discussões.
Sabe-se
que, no contexto de muitos alunos, o uso do computador, bem como as práticas de
leitura e de escrita através desse instrumento, ocorre de modo natural. A
criança ou adolescente apropria-se de seus textos, tornando-se sujeito de sua
produção, podendo ainda contribuir na produção de seus pares. Ao professor,
cabe dar a devida importância a esses textos, orientando os alunos em projetos
de produção textual, como a criação de blogs
ou de verbetes em sites como a Wikipedia. Isso possibilitará tornar público
o texto produzido pelo aluno, que terá uma maior atenção com aspectos como
organização de ideias e ortografia.
Verifica-se,
assim, que o trabalho com o computador pode ser rico e proveitoso se houver um
planejamento satisfatório e um conhecimento por parte dos professores. É
impossível fazer um planejamento eficaz se não houver conhecimento, portanto, é
imprescindível que haja estratégias internas (na escola) e externas (na rede de
ensino) de capacitação dos docentes, a fim de habilitá-los para essa
utilização.
Não
se pretende, obviamente, com este ensaio, apontar respostas acerca do ensino de
Língua Portuguesa e de incentivo à leitura e a escrita, mas coube a este texto
demonstrar estratégias que podem ser exitosas nessa empreitada. O trabalho do
professor é árduo e envolve muitas especificidades que devem ser consideradas,
mas é preciso reconhecer que as tecnologias são uma realidade que veio
fortalecer a relação entre os sujeitos da aprendizagem e propiciar cada vez
mais a interação entre esses sujeitos.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
SCHONS,
Mariane Maria e VALENTINI, Carla Beatris. Movimentos de letramento digital nas
práticas de leitura e escrita: um estudo de caso de uma criança do ensino fundamental.
2012.
Disponível em: http://www.ucs.br/etc/conferencias/index.php/anpedsul/9anpedsul/paper/viewFile/3289/943
XAVIER,
A. C. S. Letramento digital e ensino. In: SANTOS, C. F.; MENDONÇA, M.(Orgs.). Alfabetização e letramento: conceitos e
relações. Belo Horizonte: Autêntica, 2005, p. 133-148.